Ela começou extensa e exitosa caminhada na educação por Castanheira. "Tudo que a gente tem até hoje reporto a Castanheira", diz. 315c3x
Helenice Joviano Roque de Faria, saiu de Governador Valadares, Minas Gerais, sua terra natal, em 1999, quando seu marido, pastor Jorge Marcos Roque de Farias, recebeu um convite para vir a Mato Grosso, para o exercício do pastorado na Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua primeira declaração sobre Castanheira, onde se estabeleceram inicialmente, diz respeito a crescimento. “Cidade que nos fez crescer e entender de fato o que é viver para o serviço”, diz, referindo-se ao fato dele dedicar-se aos trabalhos eclesiásticos e ela atuar na docência, na Escola Maria Quitéria.
Com vivências posteriores em Juara, onde nasceu o primeiro filho, Marcos Taylor Joviano Roque de Farias, hoje com 22 anos, Peixoto de Azevedo e finalmente Sinop, onde nasceu Mariah Eduarda Joviano Roque de Farias, 17, não esquece a terra das primeiras oportunidades. Antes de dizer que “estar em Mato Grosso, viver em Mato Grosso, foi a oportunidade de Deus para o seu crescimento pessoal e profissional” observa: “Tudo que a gente tem até hoje eu reporto a Castanheira, lugar que me abraçou, lugar em que me efetivei como professora”. E da Escola Maria Quitéria garante que "os exemplos de profissionalismo e os não exemplos, todos, me fizeram crescer como pessoa”, destaca, referindo-se ao convívio diário.
Quando esteve em Castanheira, entre 1999 e 2000, Helenice já era graduada em letras e espanhol, pela Universidade Vale do Rio Doce, em Governador Valadares e UFMT, e pós graduada em Língua Portuguesa pela PUC de Minas, em Belo Horizonte. Para servir melhor, especialmente nas lutas contra a discriminação racial, fez Mestrado em Linguística, de 2012 a 2014, na UNEMAT, Doutorado e Pós Doutorado, na Universidade de Brasília (UnB), exercendo paralelamente a docência na educação básica e na Universidade. Neste caso, iniciou trajetória ainda em 2001, quando estava em Juara. De lá para cá são 36 anos de vivência docente.
Helenice não esconde seu carinho pela educação básica, por acreditar que por ela e através dela é possível chegar a lugares mais altos, citando como exemplo alunos de Castanheira, que aram por sua história e hoje são bons profissionais em áreas como medicina, direito e outros. “Sou fruto da educação básica pública e acredito na educação básica”, diz, pontuando que ela encaminha alunos para aquilo que se espera. Ressalta que por ela e através dela tem trabalhado na perspectiva de levar os alunos a acreditarem no futuro.
Além de sua expressiva contribuição como professora de língua portuguesa, dando atenção especial ao letramento, ela tem se dedicado a vários projetos no campo das questões étnico raciais especialmente na educação, um deles com mulheres negras, em Sinop, desenvolvido como parte de seu pós doutorado. Detalha que são todas professoras da educação básica, mestras, doutoras, todas da linguagem, formadas em letras, que procuram fazer um trabalho visando a equidade social. “Esse é um projeto que nunca esteve fora de minha vida”, destaca.
Desafiada a deixar um recado aos castanheirenses, Helenice se dirige a públicos distintos. A todos, agradece ao acolhimento dado a ela e ao esposo, pastor Jorge (à época não tinham filhos). “Crescemos muito nesta cidade”, observa. Aos professores, citando a Escola Maria Quitéria, agradece pelo aprendizado no tempo de convívio, pois ela conhecia a realidade educacional de Minas Gerais, quando aqui chegou. Com os colegas locais pode aprender o que era a realidade educacional de Mato Grosso. Finalmente, aos alunos, de forma carinhosa, diz para não esquecerem que podem chegar lá. “Sempre costumo dizer aos meus filhos, aos meus alunos, que nós chegamos aonde nós projetamos chegar”. Antes de reforçar a importância da luta pessoal por objetivos, coloca Deus em perspectiva, ao lembrar que “a sua graça nos é eficiente”.
Série "Por onde Anda"